A Jéssica Moás de Sá é uma das duas autoras permanentes deste blog. Na semana passada conheceram-lhe a escrita, hoje podem conhecer a sua história.
Desde sempre viveu em Porto de Mós, todavia é em Ervedosa, uma pequena aldeia no concelho de Vinhais, distrito de Bragança, que tem as suas origens. Aliás, é para lá que o seu cérebro a transporta quando questionada acerca da sua mais antiga memória. «Sabes aquela sensação de andares num sítio em que não tens medo de nada? Não há carros, há um burro de vez em quando, tens pessoas sempre muito calorosas», conta. Gosta «muito» da sua “costela nortenha” e afirma que há coisas que «por mais que conte» nunca vai «conseguir explicar: expressões, a forma de viver e ser inteiro». «Naquela aldeia, eles não têm muitas influências da vida como a vivemos aqui, com muita coisa, muita distração. Vivem a guardar as ovelhas, a cultivar, são mesmo puramente felizes com pouco e isso é, ainda hoje, uma realidade, embora as coisas estejam a mudar», conta. Jéssica Moás de Sá considera ter também essa capacidade de «olhar para a vida como uma coisa que pode ser simples e com pouca coisa». «Quando lá vou, estou em paz», afirma. «O meu tio pega em mim, leva-me no trator, vamos apanhar uvas para comer e estamos a conversar ao lado da vinha, sobre tudo e sobre nada… Sobre o cão que ontem não ajudou no rebanho, sobre a minha tia que o chateou porque ele foi fazer isto ou aquilo. E não penso em mais nada», conclui.
Os estudos, a profissão, o seu caminho
Licenciada em Comunicação e Media pela Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria e com mestrado em Jornalismo pela Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa, Jéssica Moás de Sá é jornalista no jornal e na rádio do seu concelho.
Foi, de alguma forma, a sua timidez que a levou ao jornalismo: «Quis ser muita coisa, ser cabeleireira, fazer teatro… Mas sou muito insegura em algumas coisas e, essencialmente, muito tímida», «quando és jornalista ou tens uma profissão como o teatro, por exemplo, estás a ser a pessoa que queres ser, de uma forma teatral», começa por explicar, «é uma personagem que vestes para chegares a qualquer coisa», continua. O jornalismo foi então a forma que encontrou de «chegar às pessoas e de ser feliz», sem precisar de se “expor”.
Hoje, com a maturidade de quem já teve algumas experiências profissionais distintas, afirma que «o melhor sinónimo para jornalista é descodificador», uma vez que a sua função primordial deve ser «descomplicar, descodificar a informação, tem que fazer chegar as coisas claras à cabeça [das pessoas], elucidar porque é que aquele político disse isto e o que respondeu o outro, tem que ouvir todas as forças, todos os clubes, todos os partidos». «A economia é um tema que eu acho muito importante para a sociedade e quase ninguém sabe nada sobre ele. [Por outro lado], há pessoas que não sabem que amoladores existem, então estás a dar informação sobre coisas simples, do dia a dia…», exemplifica, concluindo que «somos feitos de tudo, das contas que temos que pagar, mas também da sociedade que fazemos crescer».
Apesar de o jornalismo a realizar, se o caminho não for por aqui, garante que encontrará outros: «Gosto de tantas coisas e acho que sou feliz com coisas simples», afirma. «Não acho que uma pessoa que tem um trabalho das 9 às 17 horas a vender fruta ou carne ou pão é menos feliz do que nós, jornalistas», uma vez que «podes encontrar felicidade em fazer uma pessoa feliz, em ver que ajudaste alguém com coisas muito simples», frisa. No entanto, entre as várias opções, uma das que mais a fascina prende-se com uma disciplina a que se diz «ligada», História. «Imagino-me, por exemplo, em mosteiros a fazer visitas guiadas», revela. «Imagino-me em tudo o que envolva comunicar. Já pensei em ser professora universitária, porque para mim é comunicar, ajudar e ensinar os outros, não sei se ainda poderá vir a acontecer… Mas tudo o que tenha a ver com comunicação pode ser uma opção», afirma.
E o amanhã?
Entre os seus planos de futuro está a construção de uma família e a manutenção da que já tem: «Quero muito casar, ter filhos, ter uma casa minha, quero que os meus filhos brinquem no jardim, quero continuar a ter almoços de família, a juntar a família, isso satisfaz-me». A família é, sem dúvida, um pilar ou não apelidasse o nascimento das três sobrinhas, como «o maior presente» da sua vida.
Para os filhos, deseja que herdem os valores do (futuro) pai, que é «cuidadoso, gentil, meigo, é bonito», também, «educado, uma pessoa fantástica». Da sua genética, deseja passar-lhe a «inteligência emocional», a «capacidade de ser pôr no lugar do outro»: «Eu quero sempre, sempre que os meus filhos, antes de magoarem alguém, mesmo que essa pessoa seja injusta para consigo, pensem assim “O que é que esta pessoa sofreu? Será que hoje de manhã comeu? Será que os pais estão bem? Será que lhe aconteceu alguma coisa que o esteja a levar a tomar esta atitude”. Eu acho que tenho um bocado esta capacidade», afirma.
A nível profissional, «gostava muito de voltar a estudar, de ser muitas outras coisas, ter muitos projetos, amplos projetos». «No jornalismo, quero continuar a contar histórias e a contá-las da forma que as quero contar», pois «há muitas visões, mas poderes contar a tua, é ótimo», conclui.
O que é que os leitores podem esperar de ti, neste blog?
Acredito muito nas pessoas e acredito que todas têm uma coisa especial para contar, que todas deram passos diferentes e que têm um motivo para ser o que são. Acho tão interessante conhecer esses motivos. Não vou menosprezar histórias à partida. As pessoas vão ser todas especiais para mim, depois até se podem revelar mais ou menos interessantes, que é normal, [às vezes] porque não soubemos captar a sua melhor parte. Não prometemos perfeição, mas prometo não menosprezar ninguém à partida.
Preferias…
Livro ou filme? Filme
Filmes ou séries? Séries
Noite ou dia? Noite
Estação do ano? Eu gosto muito do inverno, mas também adoro a primavera. Primavera.
Doce ou salgado? Salgado.
Ir ou voltar? Voltar.
Cor preferida? Bordô.
Cidade ou campo? Ambas são fantásticas em momentos diferentes. Se eu tiver que escolher, campo.
Mar ou rio? Eu acho o mar mais imponente.