Ana Rita Rosa: Duas gramas de conversa, dois quilos de vontade, uma dose de muito amor

Escrito por

Catarina Correia Martins
29 Outubro 2020

Está sem ideias sobre o que fazer para o jantar? Este fim de semana, há visitas lá em casa e gostava de impressionar os convidados? A Flavorita é o local certo para buscar ideias. Ana Rita Rosa encontrou num blogue de culinária a opção perfeita para juntar duas das suas paixões: a comunicação e a cozinha.

Natural de Fermentelos, no concelho de Águeda, distrito de Aveiro, Ana Rita Rosa, de 24 anos, diz que «o gosto pela cozinha surgiu da genética»: «Tenho uma família onde há várias pessoas que gostam de cozinhar, nomeadamente o meu pai. Numa altura, tirou um curso de cozinheiro, e embora não seja a sua profissão, é um hobbie. Tem até um grupo de amigos com quem cozinha regularmente e, nas atividades da freguesia, são eles que dinamizam essa parte», começa por contar. Além do que lhe está no sangue, Ana Rita afirma também que, «nas memórias da infância», a cozinha é um elemento muito presente: «Sempre estive habituada a ver o meu pai a cozinhar e ele sempre teve a iniciativa de me chamar para a cozinha, para tentar despertar em mim esse interesse», recorda.

Licenciada em Comunicação Social e com uma pós-graduação em Marketing Digital, foi precisamente em contexto académico que este seu projeto ganhou vida. «O projeto final da pós-graduação pretendia que explorássemos ou criássemos um projeto de marketing, associado a uma empresa. Quem não tivesse uma empresa onde pudesse aplicar, poderia optar por um projeto pessoal. Foi a oportunidade de eu pôr em prática um hobbie que já tenho há algum tempo», explica, reiterando que a cozinha é um dos seus «passatempos favoritos», além de «uma terapia».

Depois de escolhido o projeto, havia que dar-lhe um nome. Ana Rita gostava que o seu nome integrasse a “marca” que criasse e, por isso, surgiu-lhe a ideia de chamar ao projeto “A Favorita”, para logo de seguida uma nova ideia melhorar a primeira que havia tido: se juntasse a palavra flavour, que em inglês significa sabor, com o seu nome, Rita, tudo isto agregado à ideia de ser a “favorita” de quem a seguisse, daria origem ao nome vencedor A Flavorita. O irmão, designer, criou-lhe o logótipo e Ana Rita fez o resto.

A dinâmica da criação de conteúdo

Desde o primeiro momento que Ana Rita estabeleceu, para si, a forma como queria que o blogue, e a respetiva divulgação nas redes socais, funcionasse. «Decidi que ia lançar uma receita por semana. De forma a não lançar a receita e a voltar só na semana seguinte, achei que o devia fazer de uma forma faseada: à terça-feira lanço um vídeo em que dou a entender o que será a receita, e na quarta publico-a efetivamente no blogue. Depois, tento dinamizar isso através das redes sociais e até ao final da semana acabo por publicar uma ou outra foto do prato para lembrar que podem sempre dedicar um bocadinho do seu dia a fazer aquela ou outra receita», explica.

Ana Rita faz «efetivamente o prato» que apresenta. Ao longo da sua realização vai «fazendo algumas gravações» e, «depois de já ter o prato confecionado», tira «algumas fotos», num pequeno estúdio que montou em casa com a ajuda do pai. É assim que tem construído o seu «livro de receitas digital», que todos podem ver em flavorita.alojar.pt.

Para escolher as receitas que apresenta, Ana Rita diz passar «muito tempo a absorver conhecimentos culinários», quer através de programas de televisão como de receitas que pesquisa na internet; tem também algumas receitas de família e, com tudo isso, faz uma mistura para criar ideias novas ou recriar receitas conhecidas de todos. Admite também que algumas das combinações saem da sua cabeça e da curiosidade de juntar sabores. «Vou muito pela tentativa erro e é claro que às vezes corre mal. Dou o conselho de que o importante é não desistir porque, efetivamente, o correr mal também acontece comigo. Ainda que de forma amadora, já cozinho há muito tempo e há sempre dias em que corre mal…», afirma.

Não tem uma regra de publicação que estabeleça que “esta semana será uma sobremesa, na próxima uma entrada, e na seguinte um prato principal”, por exemplo. Diz que vai fazendo a escolha consoante as preferências do público, que já sabe serem «pratos simples e visualmente muito apelativos ou sobremesas», e adianta que a receita que lhe deu mais cliques no blogue foi a de Torta de Pão-de-Ló & Doce de Ovos (que pode ver aqui).

O público é «maioritariamente feminino» e, consoante a plataforma através da qual chega ao blogue, tem idades variadas: «No Facebook atinjo uma faixa etária mais avançada, a partir dos 40 ou 45 anos. No Intagram a faixa etária é mais baixa», revela, considerando que isso é também fruto do tipo de rede social em si.

O passado e o futuro

Se o gosto pela cozinha é antigo, porque não segui-lo na sua formação profissional? Sabia que o seu caminho «tinha de passar pela comunicação com os outros e a cozinha é também uma forma de comunicar». Quando escolheu o curso, Comunicação Social, a oferta ao nível do ensino superior de que tinha conhecimento, não tinha nada ligado à cozinha que lhe tivesse despertado a atenção, no entanto ressalva que, onde estudou, abriu já uma licenciatura em Gastronomia que a deixa a pensar se deveria voltar para «dar a oportunidade» a si própria de se formar nessa área.

«A Flavorita veio juntar duas das minhas grandes paixões, que é a vontade incessante de conversar e a cozinha que é um dos meus hobbies. São duas peças fundamentais da minha personalidade», reitera. Por isso, o seu objetivo, neste momento, é «continuar a desenvolver» o projeto e, «acima de tudo, mostrar que a cozinha não é um bicho, que está ao acesso de todos e que podemos sempre arranjar forma de conseguir reproduzir as receitas em casa».

A médio ou longo prazo, o seu desejo é compilar todas as receitas que já publicou num livro de receitas suas. «Era uma coisa que eu gostaria muito que pudesse acontecer», afirma. Mas as suas ambições vão mais longe e admite que gostava que a cozinha pudesse ser a sua «ocupação profissional», num projeto próprio, «uma espécie de restaurante ou um sítio onde as pessoas pudessem tomar um brunch», para poder partilhar com os outros os sabores que todos os dias descobre.

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